Numa analogia com o rock para os não iniciados,
a saída de Solange Almeida do Aviões do Forró,
em março deste ano, foi como se Meg White
deixasse os White Stripes um pouquinho depois do
auge, no início dos anos 2000. Sol não toca bateria
e passa bem longe da timidez de Meg, mas também
se tornou musa da renovação de um gênero, ao
liderar ao lado de Xand uma das mais populares
bandas de forró do país.
O baque para os fãs representou também uma espécie
de libertação para a cantora, que segue em carreira
solo e acaba de lançar o DVD “Sentimento de mulher”.
Ela conta que lhe "incomodava muito" o seu nome ser
quase sempre relacionado a "decote, roupa ou grife,
raramente música". Sol explica - em terceira pessoa:
O "empoderamento feminino" também a motivou a
deixar o grupo, ela diz, se referindo ao bom momento
das mulheres na música, principalmente no sertanejo.
"Tinha uma cobrança muito grande das cantoras do
Nordeste, principalmente do forró, que diziam: 'Você
precisa voar sozinha para puxar as outras'. E eu tinha
um certo receio disso. Hoje sou muito elogiada pela
decisão de recomeçar. E recomeçaria tudo de novo."
"Temos grandes cantoras no Nordeste que não têm
visibilidade, muitas vezes por falta de oportunidade.
Espero poder ajudar nisso."
Sertanejo, funk, MPB (e até forró)= A cantora jura que não
brigou com outros integrantes do Aviões antes ou depois
do adeus. "Claro que houve alguns desgastes por causa
de coisas que saiam na imprensa", ela conta. Mas, com
Xand, seu parceiro de quase 15 anos, nunca viveu
"tão bem quanto nos últimos meses" - ele é um dos
convidados de seu DVD.
Sem a banda, Solange diz ter tomado as rédeas da
própria carreira. "Escolho como quero cantar, onde e
como o arranjo vai ser feito. Sou dona de mim". Ela
completa:
"[No Aviões] as coisas eram mais impostas, mas isso é
uma coisa que eu deixei acontecer. A zona de conforto
estava me incomodando, tinha tudo nas mãos."
E uma das primeiras decisões solitárias que tomou
foi ir (bem) além do forró. “Sentimento de mulher”
vai do sertanejo à MPB, com participações de Ivete
Sangalo, Joelma, Anitta, padre Fábio de Mello, Claudia
Leitte, Eduardo Lages, Gusttavo Lima e Tiago Iorc -
com quem a cantora faz uma versão sanfonada do hit
"Amei te ver".
"Quis mostrar o inusitado, ninguém nunca imaginou
o Tiago Iorc cantando com uma cantora de forró.
As pessoas hoje querem ir para um show e ouvir
tudo que é sucesso numa rádio. Quero dar uma cara
nova aos meus shows."
E, para os fãs saudosos do Aviões, que teimam em
fazer comparações, Solange dá o recado: "Quem
compara não é fã, não torce pelo artista. Fã de verdade
torce pelo artista onde quer que ele vá. Quero que as
pessoas olhem para mim no presente, não posso
viver no passado."
Fonte: G1
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